Voltar

Leishmaniose – uma doença que pode afetar animais e humanos, conheça as características da doença, prevenção e diagnóstico

As Leishmanioses são causadas por parasitas do gênero Leishmania, podem se apresentar na forma cutânea e visceral e possuem grande importância na saúde humana e animal uma vez que é uma zoonose, ou seja, pode ser transmitida entre animais e humanos.

Dentre elas, a Leishmaniose visceral (LV) é considerada uma das mais preocupantes devido ao seu caráter endêmico, presente em muitos países, inclusive no Brasil. A Leishmaniose Visceral Canina (LVC) acomete cães e tem grande importância clínica e epidemiológica, no post de hoje vamos esclarecer as principais dúvidas sobre a LVC e o mais importante, como prevenir e diagnosticar a doença nos nossos animais!

A LVC é causada pela Leishmania infantum, um protozoário que é transmitido através da picada de flebotomíneos do gênero Lutzomia (Lutzomia longipalpis, principalmente, e Lutzomia cruzi) que são conhecidos popularmente como mosquito palha ou birigui. Para que ocorra a transmissão o flebotomíneo precisa picar um indivíduo infectado ingerindo a forma amastigota do parasito e então, no inseto ocorre o desenvolvimento da forma amastigota para a promastigota que vai para o aparelho bucal do flebotomíneo que transmite o parasita a um novo indivíduo ao picá-lo.

É importante frisar, a LVC é infecciosa, porém não contagiosa, não é transmitida através do contato com saliva ou mordidas por exemplo.

Uma vez no organismo do hospedeiro, o parasita se multiplica no sistema fagocítico mononuclear, que atua auxiliando na imunidade. A manifestação da doença pode demorar entre 3 meses ou até anos para iniciar, estando envolvidos fatores complexos no seu desencadeamento até o aparecimento dos sinais clínicos.



 Fonte: CRMV-SP.

Falando em sinais clínicos, apesar do termo “visceral” presente no nome da doença, as manifestações não se restringem apenas aos órgãos internos, sendo bastante variáveis. Muitos animais podem ser assintomáticos (sem nenhum sinal da doença, mas são uma fonte de infecção) ou oligossintomáticos (poucos sinais clínicos e muitas vezes inespecíficos), e também temos os animais sintomáticos (aqueles que manifestam os sinais clínicos).

Os sinais clínicos podem variar de acordo com o órgão mais acometido, entre os principais sinais estão o emagrecimento, perda de apetite, febre, lesões de pele (alopecia, hiperqueratose, prurido, eritema), crescimento exacerbado das unhas (onicogrifose), aumento dos linfonodos, sinais oculares (uveíte, conjuntivite), acometimento de órgãos como baço (espenomegalia), rins, manifestações gástricas (vômito, diarreia).

É sempre importante que o tutor, ao identificar sinais clínicos que comprometem o bem-estar do animal, consultar o médico veterinário para que ele possa diagnosticar o problema, nos casos de LVC o avanço da doença compromete ainda mais a imunidade e demais sistemas do animal podendo leva-lo a óbito.

Como pode ser feito o diagnóstico?

A consulta com o médico veterinário é muito importante, pois ele, através da anamnese (perguntas feitas ao tutor) e da consulta, pode indicar o método diagnóstico mais indicado para chegar a uma conclusão. O diagnóstico da LVC é complexo, seja pela falta de sinais específicos e também pelos custos com exames.

Existem algumas técnicas de diagnóstico, que podem ser utilizadas como triagem e confirmatórios. Podem ser utilizados testes sorológicos como os testes rápidos (imunocromatográfico) para a triagem, e exames complementares como ensaio imunoenzimático (ELISA) e reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e testes para a detecção do parasita como cultura, teste direto e PCR.

Os diferentes métodos podem ser aplicados de acordo com o caso, condições do paciente, custos, experiência do médico veterinário, possuindo cada um, suas especificidades.

Nesse sentido, os testes rápidos auxiliam o médico veterinário na rotina clínica como teste de triagem, detectando anticorpos antiLeishmania em soro, plasma ou sangue total, tem como vantagens, a facilidade na colheita da amostra, poder ser realizado no mesmo local da colheita e a velocidade do resultado, em até 20 minutos,  e um custo relativamente baixo em comparação a outros exames laboratoriais, o teste vai mostrar se o animal foi reagente ou não, cabendo ao médico veterinário observar a necessidade de outros testes diagnósticos.

A Alere®, possui o Alere® Leishmaniose Ac TestKit, que possui 97,2% de sensibilidade e 99,8% de especificidade (valores baseados nos testes protocolados no MAPA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), estudos já demostraram que o teste pode ser utilizado em áreas endémicas para a triagem da LVC associado a outros métodos no diagnóstico.

Um diagnóstico precoce faz parte da prevenção da LVC, outras medidas simples também auxiliam no controle da doença.

Como o tratamento da LVC ainda é muito discutido entre clínicos e sanitaristas, o mais importante é focarmos na prevenção da doença, pois, como já mencionado pode afetar não só o cão mas também o ser humano. As formas de prevenção são baseadas no controle dos vetores e hospedeiros da doença, proteção individual e diagnóstico precoce.

Por ser uma doença transmitida por um vetor (mosquito-palha) que tem como característica preferência por ambientes com matéria orgânica, como lixo doméstico e vegetais em decomposição, o cuidado com o ambiente, mantendo quintais e terrenos limpos, ajuda a reduzir a ocorrência do vetor e consequentemente no controle da doença.

Para os cães, a proteção individual é essencial, principalmente nas áreas endêmicas, é recomendado o uso de coleiras repelentes para reduzir a exposição aos vetores e já demonstrou eficiência no controle da doença. A Vetoquinol, possui a coleira Frontmax® que possui três princípios ativos, agindo sobre a Lutzomia longipalpis, além de proteger também contra pulgas e carrapatos.

Mais informações podem ser obtidas com um médico veterinário de sua confiança que pode esclarecer as dúvidas sobre tratamento e outras formas de prevenção!

Referências

DE SOUZA FILHO, Job Alves et al. Performance of Alere™ immunochromathographic test for the diagnosis of canine visceral leishmaniasis. Veterinary parasitology, v. 225, p. 114-116, 2016.

FREITAS, E. et al. Manual Técnico de Leishmanioses Caninas-Leishmaniose Tegumentar Americana e Leishmaniose Visceral. 2015.

RIBEIRO, Vitor Márcio et al. Performance of different serological tests in the diagnosis of natural infection by Leishmania infantum in dogs. Veterinary parasitology, v. 274, p. 108920, 2019.

SOUZA, Sara Maria Marques de et al. Comparação da performance entre testes rápidos em amostras de soro de cães sadios, vacinados e naturalmente infectados por Leishmania infantum. 2022. Tese de Doutorado.

https://crmvsp.gov.br/semana-de-combate-a-leishmaniose-saiba-como-prevenir/